Projeto REpense, REcicle - Plantas alimentícias não convencionais (PANCs)


    As plantas alimentícias não convencionais (PANCs) estão se tornando cada vez mais uma opção de consumo nutritivo, com diferentes formas de preparo, baixo custo e de fácil acesso, sendo uma produção sustentável e que contribui para a manutenção da flora nativa brasileira. É um padrão alimentar que oferece autonomia e o crescimento de pequenos produtores, contribuindo principalmente com a economia local. A falta de conhecimento do potencial alimentício destas plantas ocorre devido a pesquisas insuficientes sobre o cultivo e técnicas de manejo. Segundo Barbieri et al. (2014), a produção agrícola é padronizada por menos de 30 plantas diferentes, o que significa que existe muitas plantas que não recebem seu devido reconhecimento pela falta de disponibilidade comercial.

    O termo PANC (Planta Alimentícia Não Convencional), foi criado em 2008 pelo Biólogo e Professor Valdely Ferreira Kinupp, que são conhecidas por serem plantas típicas de determinadas regiões e que possuem crescimento espontâneo, entre as PANCS também se encontram as hortaliças e legumes, algum cultivo que pode ser comum em uma região pode não ser em outra, assim o termo pode ser utilizado para designar que uma planta não é convencional em determinada região.

    Confundidas facilmente com ervas daninhas, as plantas alimentícias não convencionais são espécies que tem demonstrado uma alternativa de se diversificar a agricultura e combater a fome, o que poucas pessoas sabem é que o seu valor nutritivo pode chegar a ser maior do que das plantas convencionais e que possui vantagens em seu cultivo e manejo, utilizando baixo recurso hídrico, baixa exigência de solo e se adaptam ao clima naturalmente, o que influencia no baixo custo de produção.

    O consumo dessas plantas já fez parte da alimentação de gerações antigas, e foi diminuído graças a praticidade dos alimentos industrializados, reduzindo assim a diversidade cultural local/regional.

    Atualmente o interesse está voltando aos poucos e a população está buscando fundamentos sobre suas propriedades nutricionais e seus compostos bioativos, como são espécies diversas, existem aquelas que podem e não serem consumidas, assim, como pode acontecer de só algumas partes serem comestíveis, é preciso saber identificá-las e seu modo de preparo para eliminar substâncias que seriam tóxicas para o organismo, a seguir será mostrado alguns exemplos dessa cultura e seus diversos benefícios.


 


Planta: Bertalha | Nome científico: Basella alba 

    Propriedades nutricionais e usos culinários: A bertalha é uma planta rica em cálcio, ferro e vitaminas A e C, suas folhas podem ser ingeridas em saladas, no preparo de pães, bolinhos, suflê e até mesmo caldos, os botões das flores podem ser cozidos com arroz e em omeletes, e a parte carnosa dos frutos possui um corante (betalaína) que pode ser usado para colorir gelatinas, massas e doces.

    Propagação: Sementes e estacas.

 

 Planta: Chaya | Nome científico: Cnidoscolus Aconitifolius

    Propriedades nutricionais e usos culinários: É composta por uma boa fonte de proteína, ferro, cálcio e vitaminas A e C, podendo ser consumida da mesma forma que o espinafre e a couve, nas folhas é necessário retirar os pecíolos (parte da folha que liga a lâmina ao caule). Essa planta deve ser cozida ou aferventada antes de ser consumida, para se certificar da retirada do ácido hidro cianídrico que ela possui, ácido no qual pode afetar o sistema nervoso central.

    Propagação: Estacas.

 

Planta: Ora-pro-nóbis | Nome científico: Peireskia Aculeata 

    Propriedades nutricionais e usos culinários: Rica em proteína vegetal com aminoácidos essenciais semelhante á proteína animal, é um ótimo substituto para vegetarianos. Os frutos são ricos em carotenoides e, quando imaturos são fontes de vitamina C, podendo ser utilizados para suco, geleia, mousse e licor, as folhas e flores podem ser consumidas cruas, em omeletes, farinhas, pães e massas.

    Propagação: Sementes e estacas.


 Planta: Aroeira-vermelha | Nome científico: Schinus Terebinthifolia 

    Propriedades nutricionais e usos culinários: Conhecida popularmente sobre seus benefícios medicinais a aroeira trata diferentes problemas pelo organismo, como dores, inflamações, gripes e resfriados, podendo ser consumida ou aplicada na pele. A resina extraída do caule pode ser usada em forma de óleo para auxiliar no tratamento de problemas respiratórios como a bronquite, e também é indicada para aliviar dores de dentes. Os frutos são considerados como tempero não convencional, que após estar maduro e seco pode ser servido com frango, peixes e outros tipos de carne, e é habitualmente chamado de pimenta-rosa, rica em vitaminas A, B1, B2 e E.

    Propagação: Sementes.


Planta: Bucha | Nome científico: Luffa Aegyptiaca

    Propriedades nutricionais e usos culinários: A bucha lisa e a bucha de costela verdes, são alimentos complementares que podem ser utilizados em refogados com carne ou soja, semelhante a abobrinha, é preciso saber identificar se não é a buchinha do Norte, ela é menor e mais espinhosa e é considerada tóxica podendo levar a hemorragias e a ser abortiva. O caule e as folhas da bucha lisa e da bucha costela são excelentes no combate de afecções hepáticas, amenorreia e anemia, a poupa do fruto maduro e a raiz são utilizados como purgativo, a infusão das sementes como vermífugo, e também possui ação contra prisão de ventre crônica. As sementes podem ser usadas também na culinária como petiscos ao serem torradas.

    Propagação: Sementes.


 Planta: Almeirão-Roxo | Nome científico: Lactuca Indica L.

    Propriedades nutricionais e usos culinários: É reconhecido pelas suas folhas que apresentam um pigmento roxo dada a presença de antocianina, um antioxidante que atua na prevenção do envelhecimento precoce, é rico em fibras, potássio, ferro e vitaminas do complexo B e C. Podem ser usadas cruas ou refogadas, deixando sua salada mais colorida e nutritiva.

    Propagação: Pode nascer de forma espontânea ou por sementes.


Planta: Feijão-borboleta | Nome científico: Clitoria ternatea

    Propriedades nutricionais e usos culinários: A infusão de suas flores é febrífuga, fortalecedora de memória, antisstress, tranquilizante e auxiliam em quadros de menopausa, as flores frescas podem ser consumidas cruas ou cozidas e possui um poder de pigmentar a comida, as folhas e as vagens também são alimentos. 

    Propagação: Sementes.


Agricultura Urbana com PANCs

    As chamadas plantas “daninhas” ou “plantas do mato” podem ser fontes complementares de alimentos para cidades de porte pequeno, médio e grande, para as populações da periferia e dos arredores, podendo fazer uso inclusive de terrenos baldios, quintais, muros-vivos, jardins, cerca-vivas e até mesmo sacadas de apartamentos poderiam ser aproveitadas para o cultivo de plantas alimentícias. Atualmente mesmo as pessoas do meio rural já perderam muito dos conhecimentos práticos sobre as plantas que poderiam ser usadas como alimentos, sendo o principal fator a falta de informação que está relacionada ao desuso dessas fontes alimentícias.

    No Brasil existem ainda poucos trabalhos acadêmicos e mesmo de divulgação sobre plantas alimentícias, é importante ressaltar que o extrativismo sustentável de plantas nativas serve apenas para espécies que ocorrem em populações espontâneas abundantes, com o intuito de estimular a conservação de ambientes naturais e especialmente aqueles que são mais desprezados (campos, brejos e banhados) pela sua valorização econômica real, além de estimular a autonomia e incentivar os horticultores a passarem a cultivar, selecionar e domesticar espécies que até então são menosprezadas ou subutilizadas como alimentos. 

  

Considerações Finais

    Através de pesquisas realizadas foi possível compreender na literatura que as PANCs são plantas de ótima qualidade nutricional, que oferecem um complemento alimentar rico onde se tem utilidade em várias partes destas na alimentação, e em diferentes tipos de preparações. Apesar do baixo consumo e conhecimento sobre seus benefícios, as PANCs apresentam-se promissoras por necessitarem de pouco ou nenhum manejo, com baixo custo de produção e de fácil acesso, contribuindo para a quebra de padrões alimentícios, fornecendo uma infinidade de opções para se adquirir os macros e micros nutrientes e desenvolvendo a autonomia econômica.




 PROJETO REPENSE, RECICLE :

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS: INFORMANDO A SOCIEDADE

        Projeto e pesquisa realizados pelo aluno do curso de Gestão Ambiental - Stéfani Lolita Dias Gastaldi

Adaptação texto (Blog) - Valeria V. Zanotti (Comunicação Fatec Jaboticabal)


Docentes Responsáveis - Prof. Me. Baltasar Fernandes Garcia Filho e Profa. Dra. Rose Maria Duda.


Produção Artes/Posts - Valeria V. Zanotti (Comunicação Fatec Jaboticabal)




Referências

JESUS, B.; SANTANA, K. ; OLIVEIRA, V.; CARVALHO, M.; ALMEIDA, A. PANCS, Plantas alimentícias não convencionais, benefícios nutricionais, potencial econômico e resgate da cultura: uma revisão sistemática. Jandaia-GO p. 2-9, set.2020. Disponível em: https://www.conhecer.org.br/enciclop/2020C/pancs.pdf Acesso em: 07 de out. de 2021.

https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/para-que-serve-a-aroeira-veja-7-beneficios-dessa-planta-medicinal_a12806/1

https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2020/02/26/cultivo-de-panc-aumenta-a-diversidade-alimentar-e-a-renda-dos-agricultores/

https://www.ppmac.org/content/bucha

https://claudia.abril.com.br/cozinha/gastronomia/voce-ja-pensou-em-comer-bucha-vegetal-verde/

https://www.fsp.usp.br/sustentarea/2018/09/19/panc-almeirao-roxo/

https://matonoprato.com.br/2019/08/15/clitoria/

Comentários

  1. Está de parabéns Stéfani, lindo trabalho este apresentado por você , muito bom mesmo ! parabéns viu! que Deus te abençoe e te ilumine sempre.

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