Projeto REpense REcicle - (Consumismo) – Obsolescência programada

 

RESUMO

O presente artigo tem o objeto analise do instituto da obsolescência programada, o consumo e pós-consumo e suas consequências no meio ambiente. O tema tem relevância no meio acadêmico e profissional, considerando a abrangência no cenário nacional e internacional, em prol do meio ambiente sadio e equilibrado. 

INTRODUÇÃO

Desde o século XVIII que o modo de produção vem evoluindo e acarretando sérias mudanças no contexto global. Nesse intervalo de tempo, antes uma organização social e política econômica baseada na produção artesanal, agrícola e feudal passou a ser uma sociedade globalizada, onde a economia é marcada pela fabricação de produtos e pelo o uso de poderosos artefatos tecnológicos que buscam exclusivamente aumentar os lucros e diminuir as perdas (LIMA, 2010).

Sobre a origem do consumo, Godecke et al. (2012, p. 1701), afirma: As origens da sociedade focada no consumo , em contraposição às tradicionais , voltadas para o trabalho e á produção,  remontam movimentos comerciais ocorridos na Europa a partir do século XV que estimularam a revolução industrial , iniciada em meados do século XVIII. A revolução industrial trouxe consigo o fortalecimento da acumulação de riqueza como um valor fundamental , apoiado na ética protestante , que propiciou a aceitação do modelo.

O modo capitalista teve seu estopim durante e depois da Revolução Industrial, onde ocorreram várias substituições, tais como: ferramentas pelas máquinas e a energia humana pela energia motriz. A industrialização deu início a uma era marcada pela produção de bens e competitividade acirrada. Consolidando o comércio em escala mundial (BUARQUE, 1990).

O crescente processo de industrialização passou a ser visto como uma forma de progresso econômico. A sociedade passou a dar preferência ao homem consumidor. As pessoas logo começaram a ser valorizadas pelo que tem, e o ter e o consumir passou a ser mais importante do que o ser e o existir. O padrão de consumo transformou-se em forma de afirmação social, em integração com determinados grupos na sociedade.

Atualmente, o consumo representa uma importância crescente da cultura no exercício do poder. O poder de escolha do indivíduo na esfera do consumo nas sociedades pós-tradicionais tem sido campo de debate sobre a sua real liberdade de escolha ou submissão a interesses econômicos maiores que se escondem por trás do marketing e da propaganda (OLIVEIRA, 2013).

Esse trabalho objetivou realizar uma análise reflexiva sobre o consumismo e suas implicações na qualidade de vida da sociedade atual e no ambiente.

objetivo da pesquisa é analisar o instituto da obsolescência programada e os seus reflexos na sociedade capitalista, com ênfase no consumo e pós-consumo, com o objetivo de proteger o meio ambiente e esclarecer a sociedade os danos impactantes que estão acontecendo no meio ambiente, pela falta de conscientização e a responsabilidade civil perante o Estado e a sociedade, com foco em incentivar a reciclagem e reutilização dos resíduos, contudo precisa de efetividade, o que contribui extensamente para os danos ambientais devastadores que tem ocasionando em toda a região. Neste contexto, destaca-se os principais assuntos acordados neste estudo, como sociedade em consumo, obsolescência programada e as influências no dia a dia da sociedade; a responsabilidade civil pós-consumo. 

Sendo assim, os objetivos específicos da pesquisa são:

a) Definir os parâmetros conceituais para a identificação dos tipos de obsolescência programada.

b) Identificar as práticas de consumo relacionadas com a obsolescência programada, que permitem inferir sua existência.

c) Identificar as manifestações de obsolescência programada no mercado, de acordo com os parâmetros conceituais definidos e as práticas de consumo pesquisadas.

d) Identificar os produtos relacionados a cada um dos tipos de obsolescência programada, listando os produtos mais citados.

e) Averiguar o conhecimento dos consumidores do fenômeno, dando especial atenção ao fato de identificarem essa prática no seu cotidiano, mais do que o conhecimento do nome que se dá a ela.

f) Investigar de que maneira o design atua em relação ao fenômeno estudado.

g) Investigar de que maneira o design pode contribuir para a melhora das consequências da obsolescência programada.


Definição dos principais conceitos utilizados na pesquisa

Como apontado por Valquíria Padilha (2016), a obsolescência programada se enquadra dentro de uma das estratégias para a manutenção do sistema capitalista vigente, que se apoia num crescimento constante, do qual fazem parte também o conceito de excesso, de consumo de massa e de publicidade:

O capitalismo precisou desenvolver o que chamamos de “sociedade de consumo”, em que as necessidades e os desejos são costurados numa trama confusa e complexa. Fica cada dia mais difícil escrevermos uma lista de coisas essenciais para nossas vidas. Há 80 anos era mais fácil. Precisamos de comida tanto quanto de um celular? Que tipo de comida? Tudo se mistura em nossa mente.

Isso se agravou a partir dos anos 1930, com o desenvolvimento do fordismo, sistema de produção e de consumo de massa. A intenção da sociedade de consumo é essa mesma: confundir-nos, nos fazer crer que não podemos viver sem o último celular lançado, o último carro com GPS (Global Positioning System), a roupa que a atriz famosa usa na novela, o notebook ultrafino que se converte em tablet e por aí vai. […] Juntos, publicidade e obsolescência programada são combustíveis essenciais para manter funcionando o ciclo de produção-consumo-mais produção-mais consumo de nossa atual sociedade capitalista. Podemos acrescentar, ainda, para formar um tripé, o sistema de créditos, que estimula a compra parcelada com base na propagação da lógica do “satisfaça agora os teus desejos e pague depois”. (PADILHA, 2016, p. 46-47)

O conceito de obsolescência programada e suas diferentes manifestações baseia-se nas definições de Packard (1965), Papanek (1971) e Slade (2007). O tema desta pesquisa supõe o estabelecimento de uma data de morte do produto no momento de sua fabricação, informação de difícil acesso e que não faz parte dos objetivos deste trabalho. Por essa razão, optou-se por abordar o conceito de práticas de consumo, pois, por meio delas, é possível aferir a existência da obsolescência programada. O conceito de práticas de consumo diz respeito à vida prática das pessoas, na maneira como se relacionam com os produtos consumidos: se há o hábito de mandar consertar ao invés de trocar um produto; se nessa busca pela manutenção dos equipa- mentos há dificuldade de encontrá-la e realizá-la ou se isso é mais oneroso do que a compra de um novo equipamento; se as compras são realizadas a crédito ou à vista, entre outras que serão melhor detalhadas no capítulo 2 desta dissertação.

É importante fazer aqui uma pequena distinção entre o efêmero e o descartável. A obsolescência programada, como veremos no capítulo 2, precisou da ideia de descartável para se desenvolver, porém nem tudo que é descartável se enquadra no fenômeno estudado. Mas foi preciso que a ideia do descartável fosse introduzida no cotidiano das pessoas para tornar obsoletos (e muitas vezes descartáveis) produtos antes entendidos como duráveis. Procurou-se tratar de produtos que não são originalmente descartáveis, como copos plásticos ou embalagens — e que muitas vezes são associados com o fenômeno estudado —, mas que ganham características descartáveis por seu uso. Um celular não é necessariamente feito para ser jogado fora após um curto período de uso, porém, ao ser descartado dessa maneira com frequência, ele pode ser considerado descartável. Em outras palavras, foi preciso naturalizar a ideia de descartável — entre outras — para que as pessoas fossem capazes de trocar seus carros não porque estivessem quebrados, mas porque estavam fora de moda. A esta pesquisa interessou somente produtos diretamente relacionados à obsolescência programada, portanto, não serão estudados os produtos naturalmente descartáveis ou que tenham impacto na geração de lixo, como embalagens.

Ao falar de práticas de consumo e de consumo de massa, fala-se do consumo repetitivo, conceito muito próximo à obsolescência programada e que leva ao consumismo, conceito que será abordado também de maneira breve usando como base teórica as ideias de Bauman (2008).

Para entrarmos no discurso do design, será também tratado o aspecto de projeto de produto em design relacionado com a obsolescência dos artefatos, tendo como principal base teórica autores como Manzini (2008) e Papanek (1971). Procurou-se trata de práticas de projeto que contemplem um ciclo completo dos produtos, tais como logística reversa e upcycling.

Muitos deles contemplam também requisitos de produtos sustentáveis, porém não é intenção desta pesquisa tratar o tema da sustentabilidade em profundidade.

Delimitações da pesquisa

Conforme exposto anteriormente, as delimitações teóricas da pesquisa estão restritas às práticas de consumo, não cabendo no recorte da pesquisa temas pertinentes também relacionados à obsolescência programada, tais como sustentabilidade, reciclagem e o conceito de descartável.

Ao tratarmos de projeto de produto, o foco da pesquisa está, de novo, em compreender as consequências da obsolescência programada, assim como exemplos de bom uso dos recursos naturais e da não geração de resíduos.

Há uma delimitação territorial na pesquisa, que se propunha inicialmente a tratar do

mercado brasileiro. Porém, devido à falta de recursos pessoais e de tempo hábil, as res-

postas recebidas pelo questionário acabaram se concentrando no mercado paulista,

que, contudo, é o maior mercado consumidor do Brasil, dado relevante para pesquisa.

 

A justificativa para desenvolver o presente trabalho pela hipótese do consumo não ter uma causa específica e por esse comportamento ser motivado por uma série de fatores que envolvem a mídia até como estratégias de marketing utilizadas por uma série de fatores O problema do consumismo surge em vários fatores, como o interesse das empresas de vender cada vez mais. Desmembrando isso, chega-se ao ponto da obsolescência programada, que é uma tática utilizada por produtores/fabricantes, onde eles desenvolvem produtos que simplesmente param de funcionar ou se tornam obsoletos em um curto prazo de tempo. Assim, os consumidores são levados a adquirir mais novas que bem ou serviço. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão respondendo aos seguintes questionamentos: Como o marketing dos produtos com que o consumidor quer comprar em excesso? Como esse consumo é feito com uma obsolescência programada, impactam a sociedade atual e seus ambientes ambientais e ambientais? Optou-se por uma postura mais reflexiva e crítica para uma análise desses fatores, buscando teorias, entre outras hipóteses de solução real. Com base nas combinações até o momento pode-se com o aumento da procura por produtos fabricados.

TEMA – PROBLEMA

Além dos prejuízos financeiros pessoais , a obsolescência programada causa impactos ambientais extremamente danosos , que vão desde a quantidade cada vez maior de lixo acumulado é exploração de recursos naturais,  até os poluentes encontrados tanto na fabricação quanto nos materiais produzidos.

 

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

Quanto a metodologia, foi utilizada a base lógica indutiva por meio da pesquisa bibliográfica a ser utilizada no desenvolvimento da pesquisa, compreende o método cartesiano quanto a coleta de dados e no relatório final o método indutivo.


Palavras-chave: Consumo. Meio Ambiente. Obsolescência Programada. Pós-consumo

 

 

Materiais e Métodos

1 - Caracterização da pesquisa

Esta pesquisa, de caráter qualitativo exploratório, tem por objetivo identificar as

manifestações de obsolescência programada, no que diz respeito a produtos de larga escala, e compreender a relação do design com o fenômeno estudado. Segundo

Creswell, “conduzimos pesquisas qualitativas quando um problema ou questão precisa ser explorado” (CRESWELL, 2014, p. 52). Assim, procurou-se fazer uma sondagem da população sobre o tema, por meio eletrônico, e levantar informações que possam servir para futuras pesquisas.

O estudo teve três etapas. A primeira consistiu em uma revisão da bibliografia existente sobre o tema para definir parâmetros para a identificação dos três tipos de obsolescência programada descritos na literatura. Nesta etapa foi possível constatar a carência de estudos relacionados ao tema no Brasil.

Os resultados da primeira etapa da pesquisa serviram de base para a segunda, em que foi aplicado um questionário (com 444 respostas coletadas), divulgado por rede social. A aplicação do questionário foi precedida por uma sondagem inicial, que consistiu na criação e monitoramento de uma página em rede social, que, num segundo

momento, também serviu de plataforma para a divulgação do questionário. Com esta etapa de coleta de dados, foi possível identificar práticas de consumo descritas na revisão da literatura, assim como os produtos mais identificados com os tipos de obsolescência programada averiguados anteriormente.

A terceira etapa teve como método de coleta de dados cinco entrevistas semiestruturadas com profissionais da indústria brasileira. Os profissionais foram definidos de acordo com as categorias mais citadas no questionário, tais como eletrodomésticos de grande porte e celulares ou setores relevantes para o tema central da pesquisa, como a indústria de carros.

A íntegra do questionário e o roteiro das entrevistas semiestruturadas, utilizadas na pesquisa, encontram-se como anexos desta dissertação.

2.2 Etapa 1: procedimento para coleta de dados

sobre o histórico do fenômeno e definição dos parâmetros conceituais para a identificação da obsolescência programada atualmente. Conforme exposto no capítulo anterior, a primeira etapa da pesquisa consistiu na revisão da literatura existente e na definição de parâmetros conceituais que tornassem possível a identificação dos tipos de obsolescência programada, um dos objetivos desta pesquisa, expostos no capítulo 1.

Os principais autores abordados foram: Gordon Lippincott (1947), que descreve a profissão de designer no auge da obsolescência programada; Vance Packard (1965), por abordar as práticas de consumo identificadas com o fenômeno estudado, assim que a prática foi adotada nos EUA; Victor Papanek (1971), por ser o primeiro autor a propor ao design a iniciativa de mudança nas práticas relacionadas à obsolescência programada; Giles Slade (2007) por ser um autor contemporâneo que reflete sobre o fenômeno no século XXI, além de traçar um histórico detalhado do tema. Também foram pesquisados artigos científicos e trabalhos acadêmicos que tratassem do tema, bem como pesquisas de mercado ou autores que complementassem o conhecimento sobre o assunto, conforme exposto no capítulo anterior.

2.2Etapa 2: procedimento para coleta de dados

sobre práticas de consumo relacionadas com a obsolescência programada, conhecimento do termo e do fenômeno e principais produtos citados pelos participantes da pesquisa. A segunda etapa da pesquisa teve, num primeiro momento, uma sondagem feita por meio da página do Facebook intitulada “Feitos para Quebrar”.45 A página teve o intuito de abrir um espaço para que o maior número de pessoas compartilhasse experiências e ideias sobre os hábitos de consumo e o conhecimento sobre a obsolescência programada, de maneira indireta. As publicações diziam respeito a produtos e hábitos de consumo específicos, intercaladas com posts sobre a prática em si. A página serviu como uma sondagem para o questionário, que possui perguntas algumas semelhantes aos posts, porém de maneira mais espontânea e com estímulos diferentes do que o questionário, uma vez que é possível visualizar os demais comentários, estimulando assuntos e produtos. A página foi posta no ar no dia 16 de novembro de 2016 e, até o encerramento da coleta de respostas do questionário, no dia 02 de junho de 2017, foram realizadas 32 publicações.

A etapa do questionário contou com a colaboração da equipe do Centro de Estatística Aplicada (CEA–USP). Após reunião realizada com as professoras Lúcia Pereira Barroso e Viviana Giampaoli e com os alunos Laryssa Del Corso Costa e Diego Ribeiro Marcondes, foi solicitada uma análise da pertinência do método de pesquisa adotado, assim como uma avaliação do questionário elaborado. No relatório, elaborado pelo centro, a aplicação do questionário foi validada por ter como objetivo […] realizar uma sondagem da população de interesse, com o intuito não de fazer inferências sobre tal população e obter conclusões válidas para ela como um todo, mas de observar tendências e casos particulares que possam servir como base para estudos futuros sobre características mais específicas da obsolescência programada e suas particularidades na sociedade brasileira. (ANEXO 1, p. 4).

O questionário foi elaborado a partir da revisão bibliográfica, baseando-se nos parâmetros de práticas de consumo listados por Packard (1965) e Slade (2007), e teve um intuito eminentemente descritivo — por essa razão foi composto por perguntas abertas e fechadas. Ele foi submetido à análise dos alunos do CEA presentes na reunião, e todas as sugestões contidas no relatório elaborado por eles foram acatadas no instrumento final de coleta aplicado. As perguntas do questionário foram divididas em quatro grandes blocos, com o intuito de identificar:

O respondente. Neste bloco os campos relacionados ao nome, idade, profissão e número de pessoas na casa dos respondentes eram abertos e deveriam ser respondidos individualmente; as demais, a respeito de gênero, escolaridade, estado onde mora e renda continham campos de múltipla escolha. Suas práticas de consumo. Neste bloco de perguntas, os campos eram de múltipla escolha, mas continham espaços opcionais para comentários a respeito dos itens assinalados. Procurou-se respostas a respeito de hábitos de consumo, como: utilização de produtos por muito tempo ou troca frequente; preocupação com a assistência técnica e durabilidade na hora da compra; compra de produtos novos e usados; motivação para a compra (aparência, tecnologia); formas de pagamento; opinião a respeito das frases “o que é novo é bom, e o que é velho é ruim” e “se um produto é barato, pode durar pouco; se é caro, deve durar muito”.

Os produtos mais citados. Neste bloco de perguntas, também os campos eram de múltipla escolha, mas continham espaços opcionais para comentários a respeito dos itens assinalados. Indagou-se sobre produtos específicos adquiridos. O intuito era que produtos variados pudessem ser citados. Por essa razão, este bloco de perguntas continha um texto inicial explicativo47 que sugeria os tipos de produtos pergunta- dos, sem limitá-los. Os respondentes assinalavam inicialmente um grupo de produtos mais geral num campo de múltipla escolha, para a seguir especificá-los em um campo aberto. Neste bloco os respondentes também foram indagados a respeito do motivo da compra (quebra, troca, lançamento, tecnologia ultrapassada) e, no caso de o motivo assinalado ter sido o fato de o produto anterior ter quebrado, um detalhamento a respeito do ocorrido era também perguntado: por exemplo, se houve tentativa de conserto e quais foram os problemas ou soluções encontradas nesse caso. Havia também perguntas a respeito da satisfação com o tempo que o produto durou e da troca constante de produtos (e quais foram os produtos), assim como produtos antigos em uso pelos respondentes”.

Neste bloco a primeira pergunta referia-se ao conhecimento do termo, apenas com “sim” e “não” como alternativa de resposta. Em seguida era apresentada uma definição do termo, e o respondente era indagado novamente a respeito da identificação, ou não, desta prática no seu cotidiano, assim como os departamentos de uma empresa que estariam associados a ela, e um incômodo, ou não, com a prática no seu cotidiano.

Como nos outros blocos, as respostas tinham campos de múltipla escolha e abertos opcionais para justificativa das opções selecionadas.

O questionário foi aplicado com o intuito de realizar uma sondagem com amostragem não probabilística, pois a intenção da pesquisa foi a de realizar um estudo exploratório preliminar sobre o fenômeno, levantando temas que possam ser explorados em estudos futuros.

Por ser uma sondagem, procurou-se obter o maior número possível de respostas no período determinado para a coleta de dados, não estipulando anteriormente o tamanho da amostra, apenas uma população-alvo. Dessa maneira, procurou-se estudar os consumidores brasileiros com acesso ao Facebook — recorte também sugerido pelo

CEA (ANEXO 1, p. 7) — e observar tendências e casos particulares, sem fazer inferências, além de conseguir exemplos de produtos relacionados com a obsolescência.

Assim, as conclusões partem dos dados observados e servem apenas como evidências sobre os hábitos de consumo da população-alvo e inferências para toda a população não devem ser tomadas a partir desses dados. De fato, as conclusões poderão servir de diretrizes para estudos futuros mais detalhados. (ANEXO 1, p. 7)

O questionário foi construído com base na estrutura disponibilizada pelo serviço Google Forms49 e disponibilizado por meio de um link divulgado por rede social em 29 de abril de 2017. Os dados obtidos foram consolidados em 2 de junho de 2017, tendo ao todo, 444 participantes.

Por meio deste método foi possível alcançar quatro dos objetivos deste estudo, listados no capítulo 1: identificar as práticas de consumo relacionadas com a obsolescência programada, que permitem inferir sua existência; identificar as manifestações de obsolescência programada no mercado, de acordo com os parâmetros conceituais definidos e as práticas de consumo pesquisadas; identificar os produtos relacionados a cada um dos tipos de obsolescência programada, listando os produtos mais citados; e averiguar o conhecimento dos consumidores a respeito do fenômeno, dando especial atenção ao fato de identificarem essa prática no seu cotidiano, mais do que o conhecimento do nome que se dá a ela.

2.2 Etapa 3: procedimento para coleta de dados sobre o papel do design

no desenvolvimento de produtos de larga escala e sua consequente relação com a obsolescência programada.

A terceira etapa da pesquisa baseou-se em entrevistas pontuais com profissionais de design escolhidos de acordo com o resultado do questionário. Procurou-se entrevistar designers que trabalhassem em setores relacionados aos produtos mais citados na coleta de dados da etapa 2. Foi escolhido o modelo de entrevista semiestruturada pois, segundo Flick (2004), por partir de um roteiro flexível de perguntas abertas, ela possibilita ao pesquisador escolher a sequência de perguntas conforme as informações que surgem no decorrer da conversa.

Uma das dificuldades encontradas para localizar profissionais e marcar as entrevistas foi a de não existir departamento de design em algumas empresas contatadas. Assim, acabou-se por entrevistar profissionais relacionados com as áreas determinadas, sendo ele designers ou não.

O interesse principal das entrevistas foi o de investigar a atuação efetiva da equipe de design (ou do designer) no desenvolvimento de produtos de larga escala e sua consequentemente relação com a obsolescência programada, objetivos desta pesquisa.

Procurou-se também averiguar os fatores que influenciam o desenvolvimento de produtos com o intuito de rebatê-los com as práticas de consumo encontradas nas etapas anteriores da pesquisa: revisão da literatura e sondagem.

Assim como o questionário, a entrevista também foi dividida em cinco blocos de interesse. Após perguntas referentes ao perfil do entrevistado e da empresa, procurou-se obter informações a respeito: há departamento ou não, se o desenvolvimento de produto é feito nacional ou internacionalmente; a relação do departamento com as demais áreas da empresa; os processos dos quais o design participa efetivamente.

Quais as premissas de projeto e dos lançamentos (economia, sustentabilidade, design); frequência e demanda de lançamentos; investimento em pesquisas. De que maneira a legislação, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, interfere no desenho dos produtos; intenção de instituir ou não a logística reversa no ciclo dos produtos; possíveis adequações em produtos importados.

Preocupação com a assistência técnica; pesquisas com uma “intenção” mais sustentável, tanto no que diz respeito a materiais como a processos ligados à manufatura dos produtos. Neste momento da entrevista, a abordagem da obsolescência programada foi mais direta, e procurou-se aprofundar mais as questões que permeiam a prática, bem como sua relação com o design.

3 Procedimento para análise e tratamento dos dados coletados

Partindo dos objetivos estipulados no início da pesquisa, procurou-se separar os dados coletados nos três grandes temas que a nortearam, de acordo com as três etapas expostas nos itens anteriores deste capítulo:

1) Histórico do fenômeno e definição dos parâmetros conceituais para a identificação da obsolescência programada atualmente.

2) Práticas de consumo relacionadas com a obsolescência programada, conhecimento do termo e do fenômeno e principais produtos citados pelos participantes da pesquisa.

3) O papel do design no desenvolvimento de produtos de larga escala e sua consequente relação com a obsolescência programada.

Inicialmente, a partir da revisão da literatura, estipulou-se os parâmetros conceituais para que fosse possível inferir a existência da obsolescência programada atualmente, assim como identificar os tipos existentes.

Os resultados obtidos no questionário foram consolidados inicialmente em uma tabela com formato compatível ao do programa Microsoft Excel. Os dados foram organizados, em uma linha para cada respondente, composta por diversas colunas referentes às respostas dadas a cada questão ou espaços em branco no caso de alguma pergunta não ter sido respondida. Em seguida foram tabulados, tratados e analisados na plataforma R (versão 3.3.3) por Eduardo Lazzari50 e seus resultados apresentados em um relatório (disponível no anexo 2).

Devido ao fato de a amostra ter se revelado muito desigual, foi adotado como tratamento principal dos dados o teste qui quadrado, pois com ele, segundo Lazzari (ANEXO 2, p. 1), “testa-se se duas variáveis nominais independentes ou não entre si, de forma que a hipótese nula deste teste é de que as variáveis dependente e independente não estão associadas.”51

A partir dos parâmetros conceituais definidos na primeira etapa da pesquisa, os dados e depoimentos colhidos na página em rede social criada para a pesquisa e aqueles coletados com a aplicação do questionário foram analisados e separados de acordo com os três temas listados acima, desmembrando-se em novas categorias conceituais que emergiram no decorrer do tratamento de dados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo faz repensar e reexaminar sobre a conduta da sociedade perante a tentação de consumir cada vez mais e o papel da indústria neste contexto de produção e consumo. A crise ambiental é um problema complexo, transfronteiriço e global. A busca da saúde e qualidade de vida traz como emergente um bom disciplinamento nas regras do consumo numa sociedade capitalista.

É evidente que as consequências desse modelo de sociedade são trágicas, considerando que os danos causados ao meio ambiente são graves, esse padrão de consumo desenfreado é ambientalmente insustentável. Os recursos naturais não são inesgotáveis, e da maneira indiscriminada que tem sido extraído da natureza.

Registra-se que o modelo de sociedade está fardado ao insucesso, considerando que os recursos naturais são finitos, ficando necessário aplicar um efetivo desenvolvimento sustentável aproximando o que determina o ordenamento jurídico no dia a dia da sociedade.

 

 

 

 

PROJETO REPENSE, RECICLE :

                 (CONSUMISMO) - OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

        Projeto e pesquisa realizados pelo aluno do curso de Biocombustíveis - LUCINEI DIAS ALVES GRIGOLETTO

Adaptação texto (Blog) - Samuel G. Mariano (Comunicação Fatec Jaboticabal)


Produção Artes/Posts - Samuel G. Mariano E Comunicação Fatec Jaboticabal

 

REFERÊNCIAS

https://www.ecodebate.com.br/2020/12/28/a-obsolescencia-programada-o-consumismo-e-seus-impactos/#:~:text=Al%C3%A9m%20dos%20preju%C3%ADzos%20financeiros%20pessoais,fabrica%C3%A7%C3%A3o%20quanto%20nos%20materiais%20produzidos


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